Sou pedra,
bruta soul
Inalterada
Selvagem.
O que é bruto não está pronto para servir.
Das coisas que aprendi, larguei-as e esqueci.
Vivo o movimento de esquecer
Desaprender a retidão
Des-refinar o corpo,
Deturpar a ordem dada.
Bruta
Rasgo com arestas
As mãos dos negociantes.
Nem sabem o que é pedra,
Julgam pela cor
Cortam, esmeram, lustram.
Depois dão o nome de diamante.
Há quem acredite.
Ora, que senso faz a pedra fora do fora?
Mercadoria
nutrindo o vazio do que é perenemente oco.
Querem-me diamante
Para esconder numa caixa
Um caixão?
Um caixão para guardar a vida, esta vida.
A brutalidade,
a ferocidade
foram tiradas de contexto.
Deixem-me ser bruta
como só o pernicioso espinho,
o lobo faminto,
a delicada flor
E o amor sabem ser.
E eu derramarei meus minérios
No colo da terra.
Vanessa De Aquino
2021
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