Venhas rei, o soberano deus, o palatino
Contrito, ávido, heróico, carabino
Avançando terras que a morte ecoam,
Onde nacos, grama, grãos e seixos voam
Das patas do teu pegasus cujas asas troam
Venhas vespertina estrela faminta de mil sóis
o ventre pronto, a casta, a pura série de bemóis,
Rondando nossos passos tímida raposa,
Furta-nos futuro em ovos, crias… ousa,
Vem matar a sede que em nós repousa.
Venta ventania com tirânicas feições
Imune, torpe, mórbida, até frustras furacões,
Estendem-te os braços damas e homens de bem
“Justiça contr’os maus!” nutrindo seu desdém
Talham o teu sangue ao pronunciar: Amém!
Vem espessa nuvem, purga e batalha
Realizar dos homens este sonho de navalha,
Deita o sangue de seus filhos sobre os olhos cegos,
De quem ensina o umbigo, o roubo, os grandes egos.
E deixes, que da compaixão eu m’encarrego.
22 julho 2020
Vanessa Emmanuelle
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