Friday, March 27, 2009

Scene for an eternalized love



I love you
Every time the moon rises
At every day that rests far away
Behind the city…
I love you,
And it doesn’t matter if the dusty clouds
Insistently hide our sky
To me the stars are always shining
The sunset is always a suicide of the day
To be born pure tomorrow…
I love you,
And even knowing that the moon
Belongs to all that are in love
It doesn’t matter…
The moon I see is another one,
It’s mine and it’s yours
Nobody cares more about the stars than us
Nobody waits for the sunset
Nobody notices that our sparks are the ones that enlighten the sky
I love you
And the sun lies down on my bed
With desires of waking up
And being you.


Vanessa Aquino.

Translated by Vanessa Aquino.


Wednesday, March 25, 2009

Sobre a sociedade


Estava eu vitoriosa pelo caminho quando um menino triste e barrigudinho parou meu mundo.
Querendo eu passar, rapidamente tentei desviar, mas o menino tinha uma pedra e a pedra no meu caminho.
Tentei não olhar, sai da calçada e a rua eu já ia alcançar e ele passarinho não me deixou passar.
Mudei a direção e resolvi voltar para o destino que eu antes deixava. Suas palavras me bateram como um tacape na cabeça.

-Então preferes regredir, a me encarar. Eu sou o teu futuro e não me cuidas. Eu sou o teu faminto e não me alimentas, eu sou quem vai decidir e não me ensinas. Porque é que é tão difícil dar amor? Tu queres ser amada, mas não amas.

Fotos: Sebastião Salgado

Vanessa Emmanuelle de Aquino.

Monday, March 23, 2009

Sobre a Empatia


Estando eu atravessando a rua, via um molambento que descia a rua
Acostumado ao mau cheiro e à escuridão que lhe aprisionava a pele,
passou por mim como se eu não estivesse ali, embora eu não pudesse ignorar sua presença.
Não é que me incomodasse as narinas, nem porque assustador me parecia,
mas é que do outro lado eu ouvia entre gracejos a zombar uma mulher:
-Porque não toma um banho este homem? Não vê que é um incomodo ao bom gosto?*
E a arrancar-me a pele estas palavras, vestidas de estupidez e maldade, fizeram-me ponderar no meu caminho.
Não é que esta ignóbil moça nem lembrava, que banho um sem teto pode ter, que sabonete um maltrapilho compraria, se ele já nem tem o que comer?
Pensei que sua mente fosse suja, mais suja que aquele pobre mendigo, que antes de compaixão e bons modos, só lhe passa o bem estar que quer pra si. Tão torpes, tão vis são suas falas, que me enojaria mais tocar suas mãos, do que a boca deste pobre eu beijar.
Ainda no caminho eu me voltei, propondo a tal mesquinha que voltássemos a procurar tão sujíssimo sujeito. A ele eu daria um sabonete e ela lhe ofereceria o banheiro.
Chamando-me de louca e mentecapta, pergunta que absurdo lhe faria, abrir as portas de sua linda casa, a um imundo homem como aquele.
Eu lhe respondo, sem pestanejar, que a idéia não partiu de mim. Que antes se o queria limpo, como dissera em alto e bom som, que fosse então a primeira a cooperar com a doce realização de seus desejos.
E pela primeira vez, daquela boca, brotou uma frase que caíra nos tímpanos do senso crítico, como algo agradável e lúcido:
-Não sei por que motivo falo essas coisas. O melhor mesmo é eu ficar calada!

Vanessa Aquino.

*Agradecimentos ao meu pai, que me iniciou nesta história.

Friday, March 13, 2009

Sobre a Burocracia Celestial

Fui à igreja falar com Deus... mas quando lá cheguei percebi que havia uma grande revolução acontecendo. Primeiro os padres posicionados em seus guichês, ou confessionários, me perguntaram se eu estava devidamente vacinada e batizada. Como eu não esperasse tais requerimentos, me vi obrigada a voltar para casa e tentar n'outro momento.
Como não achasse meu certificado de batismo, retornei à igreja apenas com meu atestado de vacina contra tétano e uma foto do meu batismo. Os padres não aceitaram, disseram que eu teria que ir até o limbo tentar tirar um "nada-consta" para ter certeza de que eu não tinha um pezinho no limbo.
Quando cheguei às portas do limbo, entre a era e o musgo que lá cresciam eu consegui ver apenas uma placa dizendo "Fechado pela lei Papa Ratz 123 Artigo13 de 2007". Quase morri ali mesmo de susto, mas como eu sou mesmo teimosa, decidi continuar a maratona burocrática.
Decidi ligar para o Vaticano e do pouco italiano que sei, entendi:
Disque 1 para taxas e pedidos de canonização;
Disque 2 para arrependimentos e penitências;
Disque 3 para verificar se seu perdão foi rescindido...
Transtornada, parei de ouvir a secretária paroquial e fui até o serviço de informações da igreja mais próxima, mas lá chegando havia uma fila imensa. Para ter certeza de que eu não estava na fila errada, comecei a perguntar aos que estavam na minha frente se essa era a fila de informações gerais. Eles me disseram que era a fila certa e disseram também que eles eram bebês, já então crescidos - afinal, são mais de 800 anos -, que passando pelo limbo, - agora fechado - tinham que preencher alguns papéis junto a Comissão Teológica Internacional e aguardar a decisão sobre onde eles deveriam ficar, pois de qualquer forma, a possibilidade de ir para o céu ainda não era totalmente esclarecida.
Como eu estivesse estarrecida com tudo aquilo, saí pela escada de emergência e me deparei com uma multidão que se preparava para fazer um protesto surpresa contra a excomunhão dada deliberadamente por padres, bispos - o clero em geral - que nem sempre dão mesmo bom exemplo, seja em demonstração de amor e compreensão, como pregou Jesus, seja no rompimento do voto celibatário, seja molestando menores de idade e maiores de idade. Deixei passar a manada, que era liderada por uma inocente menina de 9 anos e chegando eles no salão principal foram excomungados novamente; o que criou um novo problema. Até então não se sabe para onde encaminhariam aqueles que são excomungados duplamente.
Como era de se esperar, acordei do meu pesadelo e respirei livre e feliz por não ser verdade parte do que eu sonhei. Lembrei-me de que fomos nós, os seres humanos, que criamos burocracias e que os homens são mesmo muito presunçosos se acham que podem delimitar Deus e até fechar e abrir órgãos regulatórios no céu e na terra.
Quanta preguiça eu tenho dos homens... que delimitam o que transcende o limite, que colorem o que não tem cor, que valorizam o que não conhece valores, que discursam o que não conhece partidos, que empobrecem com a própria imagem o que não está preso à forma, que matam o que não conhecem ou não reconhecem como a própria idéia que criam dentro de si e chamam de VERDADE.
Se Deus fosse político, nós pagaríamos impostos, se Ele fosse religioso, nós pagaríamos impostos, se Ele fosse parecido com o homem, nós não estaríamos aqui, mas teríamos pago impostos. Fico imaginando que Deus deve se sentir como nós nos sentimos quando abrimos a caixa de correio e encontramos uma dezena de folhetos dizendo que nós precisamos de um novo cartão de crédito, que a nova loja do shopping tem promoções que nós PRECISAMOS ver ou que o seguro de saúde agora mudou as regras e vai requerer uma passagem em um novo departamento... nós não pedimos nenhum desses serviços, mas eles juram que são a nossa cara.
Não quero dizer que o que penso acima se limita à igreja católica, mas a qualquer religioso que distorce as idéias de uma doutrina em favor de resolver caprichos e em lugar de dizer "somos humanos e erramos sobre essa ou aquela opinião".
As igrejas hoje estão apinhadas de homens, seres - afastados do conceito - humanos que não aceitam o erro e a fragilidade da condição humana. Sobem lá no alto, no seu pedestal de soberba e ditam regras, fecham e abrem departamentos no céu, vendem vagas e até decidem o seu caminho pós-morte só faltando dizer : "Eu sou deus!"
Vanessa Aquino.