Porque tu me deixastes
à mingua no teu carinho
e contigo levaste a luz deste meu olhar,
desespero meus passos
em busca de lucidez.
Porque todo o esquecimento
não pode sequer apagar
uma ponta das boas lembranças,
quebro eu mesma as poucas vigas
que deixaste de pé quando fostes.
Porque notícia alguma encontro
das promessas que me fizeste
quando amigo te fazias,
tomo eu este veneno
que é o desaparecimento.
Para que enfim possamos morrer
avessos de Shakespeare que somos
envenenados mutuamente,
apunhalados pela covardia,
enganados pelo desencontro.
Vanessa Emmanuelle de Aquino
2003