Saturday, June 30, 2012

História De Um Clown Repetente


Era uma vez um palhaço,
que por ventura chorou.
Pôs no pescoço um laço,
pr'acabar com a dor que o tomou.

Com coração de um menino,
ingênuo, o clown não sabia,
que o mundo era tão ferino,
e que o amor não existia.

Porém,

De tão distraído que era,
o clown percebeu uma rosa,
brotando do chão como hera,
sorriu, esqueceu, ficou prosa.

Um dia de flor se lhe abriu,
em quedas e saltos brincou,
palhaço-menino sorriu,
amor de verdade criou.

Rosa e clown se entendiam
eternos amantes do dia.
Os dois em pureza se riam
até quando não se podia.

Se o vento corria de lado,
o clown se punha de frente.
Se a rosa gritava: tarado!
Corria o clown do demente.

Depois com vergonha voltava,
Pedia da rosa o perdão,
Apesar de brava que estava,
a rosa nunca dizia não.

Se o clown já vinha encrencado
com um cão vadio e louco.
A flor defendia o coitado
com espinhos e jeito amouco.

Assim foi a história amorosa
d'uma rosa e seu palhaço
defendendo-o, cavalheirosa,
aninhando-o em seu abraço.

Mas, eis que em toda história,
o evento paradoxal do fim
imortaliza com lágrima e glória
o amor de qualquer serafim.

O tempo passou pela flor
que a roda do tempo marcou.
Pétala a pétala de dor,
nosso saltimbanco desolou.

Seu corpo pesou como aço
pressionando a flor contra o peito.
Antes um feliz palhaço, 
agora um misérrimo é feito,

Eis que a corda, seu baraço
do qual a rosa lhe salvou,
seguia aguardando o palhaço,
que novamente a encontrou.

Corda e pescoço, um embate.
Se arma a trágica penumbra.
Mas, logo na hora do abate,
não é que o clown se deslumbra?

Uma pequena andorinha
pousou na corda, displicente,
bicando-a como erva daninha,
mirando o clown repetente.

O clown lhe sorriu meio tímido
E mudo se lhe esboçou,
que tinha o coração túmido
e a ela o clown se entregou.

Vanessa Aquino.







"Os clowns são puros, ingênuos e sempre se distraem com coisas simples." (Ketely Aquino)



Monday, June 18, 2012

conexões


Ele ligou, mas era engano
Eu atendi, era reclamação
A ligação não foi completa
Chamada international
é coisa incerta.
O celular vibrou, ignorei
O telefone toca, eu não estou.
Tirei do gancho para meditar.
Menino! Desliga esse celular!
Tem boi na linha,
Linha cruzada,
Sinto saudades,
Telepatia e carta.
07/ October/10



Thursday, June 7, 2012

Enquanto Ilumino a Noite

Quando eu era uma menina, eu tinha a graça de absorver o céu com os olhos.
Olhava e olhava sem me cansar. Decorava o céu e encontrava minhas estrelas favoritas.
Vez em quando aprendia o nome de uma constelação. Mas o que eu gostava mesmo era de imaginar histórias, dar nome às minhas próprias constelações, namorar a lua, ler poemas de lua, escrever com seus raios prateados a minha história de amor com a vida.
Eu queria ser a lua e ser noturna. Passava as noites em claro ouvindo Lua Branca de Chiquinha Gonzaga e me punha por trás dos cadernos querendo dormir.
Eu era a lua, eu era a lua...
Um dia, de tanto acreditar, surpreendi a lua lá no dia... e eu aqui iluminando a noite...

Vanessa Aquino.