Eu sou essa moça dos cabelos em desalinho
cujas ancas firmes decidem onde irão os olhos do desejo.
Eu sou essa moça que com as mãos
Acorda os ouvidos dos famintos,
Aguça o paladar dos cegos,
Excita os olhos dos mudos.
Eu sou essa mulher que continua até o fim do corredor
Dançando com pares que se mesclam com as sombras
e que se vão com a iluminação do sol.
Eu sou o ritmo nos seus pés a batucar
E a sonoridade que ensina às notas o seu tom
Eu sou a síncope e o pulso dessa dança louca,
O contraponto desvairado dos seus passos.
Cárcere e liberdade se equilibram em mim,
E se me chamam música é que eu queria assim.