Thursday, November 13, 2008

Sobre as Cadeias


Tanta coisa eu tenho aprendido neste meu exílio e as cadeias que eu vejo nos outros me libertam para ter uma vida cada dia melhor.

Muitas cadeias na America Latina tratam os seus presos com miséria, preconceito, desleixo. Falta água, falta comida, falta remédio, falta cuidado, falta amor, falta confiança, falta solidariedade. Mas se os próprios presos pudessem ver que poderia partir deles próprios a ação de cessar a falta, talvez não lhes faltasse tanto. Afinal, amor, solidariedade, confiança não dependem muito do que o dinheiro move.

Assim também pode ser a vida de quem é livre. Muitas vezes me deparo com faltas.

Vejo pessoas reclamando dessa cadeia que é viver sem amor, sem família, sem esperanças e daí, sem perceber, essas mesmas pessoas criam a fisicidade (palavra que acabo de inventar)... quero dizer que as pessoas materializam os problemas e eles viram falta de diplomas, falta de dinheiro, falta de companhia, falta de documentos e qualquer outra coisa que a sua cabeça puder imaginar.

As faltas se multiplicam como câncer e levam à depressão, à noites sem dormir, à tardes chorosas no escuro do quarto e assim vai até levarmos uma vida tão miserável quanto a de quem sobrevive num desses presídios tenebrosos.

As cadeias estão em nossas mentes e se tornam verdades quando ditas. É a maneira como você vê as coisas que vai dizer se a sua vida é muito ou pouco excitante. É o valor que você dá a cada estória que viveu que vai determinar quão forte são os seus laços com quem você viveu a sua vida até aqui.

É preciso acreditar na mágica guardada nos pequenos acontecimentos das nossas vidas, pois é ela quem nos salva da monotonia que nos adormece para o mundo.

A incredulidade é um grande mal para a alma. Se as pessoas não acreditam em você, deixe-as, pois são elas quem possuem cadeias. A cadeia da cegueira, do desencorajamento, da impossibilidade.

Siga a risca os seus sonhos, pois eles são sim, mais valiosos do que a opinião ou a crítica de qualquer um. E se alguém simplesmente não acredita em você, antes de se sentir rejeitado, olhe para a vida que esse alguém leva.

É provável que você veja muitas cadeias na vida de quem simplismente não crê.

Não aceite a cadeia dos incrédulos, pois foi de sonhos impossíveis e de vivências fantásticas que as visões e criações mais geniais vieram.

"Quando somos incrédulos, não deixamos as maravilhas da vida acontecer" (Vanessa E. de Aquino)
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Portanto, não se pense sem família só por causa da distância, sua família vive em você se você a ama; não se pense sem futuro se você não tem diploma, mostre-se capaz; apenas não acredite na descrença do outro em você, ame a sua estória de vida e as estórias que você tem pra contar e tenha nisso a sua maior base. Muito poucas pessoas ficam do seu lado até o fim além da sua própria família.
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Não se pode mesmo ir muito longe quando não se acredita. Só os tolos têm a coragem de não acreditar.

Liberte-se!


Vanessa E. de Aquino.

Foto: Viviane Souza

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