Friday, February 16, 2007

Sobre Deus


Eu costumo acordar sempre às 7 da manhã, não por causa do relógio, mas por causa da beleza.
Quando vejo os primeiros raios de sol através da minha janela me sinto como a recém casada que recebe o café da manha na cama. A diferença é que com o tempo o marido se cansa e a esposa acha a ação pouco criativa. A beleza do amanhecer não tem disso, ela se renova todos os dias e entusiasma até mesmo o mais antigo dos homens.
Entusiasmo, do grego, en theos significa estar possuído por Deus. E deve ser exatamente por isso que o amanhecer se renova dentro de nós apesar da ação ser a mesma. Deus nos encanta a cada dia com uma de suas várias faces e nós nunca nos cansamos de ver o sol nascer, pois há sempre um novo Deus a nos acordar. Basta olhar para nós mesmos, todos tão diferentes em feições e comportamentos e somos ao mesmo tempo semelhantes a Deus.

"Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." (Gênesis 1:27)

Deve ser também por isso que Chico César e Maria Bethânia invocam Deus de toda forma possível afim de descobrir sua identidade:


Invocação
" Deus dos sem deuses
deus do céu sem Deus
Deus dos ateus
Rogo a ti cem vezes
Responde quem és?
Serás Deus ou Deusa?
Que sexo terás?
Mostra teu dedo, tua língua, tua face
Deus dos sem deuses."

De nada adianta invocar e esperar que Deus se manifeste com voz estrondosa e raios vindos do céu. Deus tem sua forma divina de nos responder todos os dias, apesar de muitas vezes não querermos ver ou ouvir. Prova de que ignoramos a sua manifestação é se pensarmos em qual foi a última vez que paramos para contemplar as nuvens que bailam no céu.

Se Deus é onipresente é impossível que ele se manifeste apenas dentro das igrejas ou nas pessoas que proferem suas orações todos os dias. Deus está na beleza rotineira que a pressa não nos deixa ver e está também nos ateus e na ausência que sentimos Dele.

Vanessa Emmanuelle.

Fotos: Vanessa Aquino.

Monday, February 12, 2007

Dia de festa!

Snowtubbing é uma daquelas atividades que nos fazem ser crianças de novo...
Se você estiver em Boston e quiser umas dicas a respeito deixe um post aí que eu respondo!

Imagens: Vanessa Aquino/Pedro Gattoni
Edição: Vanessa Aquino


Through my window

Everyday I have a warm and yellow sun to wake me up and a peculiar blue on my morning sky that cheers me up and it makes my day.

Everynigth I have an orange moon infatuated by this charming city that fascinates anyone because of its lights.
I can see birds singing on the porch and crossing the sky. I see the snow drifting over the city...






"I feel light
when I see this charming city
hidden in a sunshine
that slowly shows the colors,
colors that warm up my heart.
What sky is so blue?
What river is so silent?
Oh Boston, you make me blue..."

Vanessa Emmanuelle
November, 9th, 2006.



*Pictures 1 and 2 by Pedro Gattoni. Picture 3 (left) by Vanessa Aquino.

Vanessa Aquino

Saturday, February 10, 2007

Iced City



Às vezes eu tento explicar como é lindo ver a cidade petrificada, mas é impossível compreender a beleza de tudo isso sem antes assistir a chuva cair junto com o gelo, num misto de neve e raspa de gelo (daqueles que a gente encontra no congelador) e dormir uma noite inteirinha esperando para acordar bem cedo no dia seguinte para se deparar com uma das mais belas cenas do mundo.


O sol da manhã atravessa as gotas sólidas de dor que pendem das árvores e cintila em todos os cantos acendendo em pleno dia a cidade que dormia. É lindo! Viva a natureza que sempre supera o homem pela simplicidade e principalmente, pela doçura!



Vanessa Emmanuelle.

Sobre as horas


É chegada a hora de desfrutar de tudo o que está disponível... viver é enfim, o ato que mais amo, mas por algum tempo eu estive congelada em uma espécie de bolha que a mim envolvia qual um útero que nos prepara para uma vida longa e expressiva.
Eu me encapsulei, me escondi de mim, me fiz um casulo e hibernei após 25 anos em forma larval, rastejando por entre as folhas de um jardim tropical. Vida boa! Vida da melhor qualidade essa, de viver para digerir o mundo e descobri-lo no frescor das paixões, quando ainda somos meros aprendizes da vida e a vivemos simplesmente por prazer.
Não, eu não perdi o prazer pela vida, eu apenas permaneci inerte para me preparar para o grande vôo... é neste inverno atípico do hemisfério norte, no momento mais impróprio e sutil que me torno asas e cores, colorindo o inverno estéril com o que há de maior... Vida.



Vanessa Emmanuelle